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Educação americana: isso assusta brasileiros

"Bom dia", "Você encontrou tudo o que precisava?". "Como vai você?". "Tenha um ótimo dia." "Muito obrigado". "Com licença". Essas são algumas das frases cordiais ditas por americanos que ouço TODOS OS DIAS nos Estados Unidos, sem brincadeira. Assim como aconteceu comigo nos primeiros meses da jornada por aqui, têm brasileiros que se espantam com tamanha educação e gentileza dos "amigos gringos" durante uma volta no supermercado, por exemplo. Fora que, em shopping centers, restaurantes, lojas ou qualquer outro estabelecimento "com corredores e consumidores", as pessoas nem chegam a se esbarrarem umas nas outras e já falam "com licença" ou um "desculpa". Isso, para mim, mostra um certo respeito e cuidado com o próximo. 

Dia desses, na aula de spinning, me peguei pensando nessa questão de educação dos americanos enquanto ouvia a professora gritando para a turma: "Vamos lá, pessoal! Vocês conseguem! Falta só um minuto! Muito bom trabalho o de vocês!". Aquelas palavras, por mais simples e tolas que podem parecer para quem está lendo isso, fazem uma diferença danada para mim. E eu sinto que a turma fica mais motivada a continuar pedalando freneticamente, enquanto a marcha das bikes está mais pesada, simulando a subida de um morro. Sair da aula ouvindo um "parabéns, vocês conseguiram!" é recompensador. Realmente, eu me sinto uma vitoriosa. Ótimo método para manter os alunos empolgados com a aula, não?! 

Nos restaurantes em que não há garçons, como os fast-foods Mc Donalds, Burger King, Wendys, etc, os próprios clientes são acostumados a retirar os pratos após a refeição e limpar a mesa, nem que seja com guardanapos (limpos). O objetivo é manter o local limpo para as próximas pessoas que irão comer. Tudo isso sem cobranças. Sem placas solicitando a gentileza. Todos são gentis porque querem ser. Ainda falando de restaurantes, aqui ninguém paga pela água. As máquinas de refrigerantes e água ficam à disposição do cliente  e, se ele pediu apenas um copo para a água (sem pagar nada por isso), ele não irá sabotar e pegar refrigerante (que é pago) no lugar, mesmo que ninguém esteja o vendo. Isso é educação. É respeito com o próximo, com o estabelecimento em si. 

Outra coisa é o trânsito por aqui. As placas de "Pare", realmente significam "Pare". Os americanos realmente entendem o significado do sinal e não costumam atravessa-los de uma vez. Geralmente, o "Stop" é de três a cinco segundos (cronometrado pelos próprios motoristas). O tráfego de veículos, assim, funciona perfeitamente. Sem buzinadas. Sem desespero. Além disso, nas áreas escolares, todos aqui respeitam o limite de 25 milhas por hora em horário de entrada e saída de estudantes das instituições de ensino. E se estivermos atrás do famoso ônibus escolar amarelo e ele parar para os estudantes descerem, que seja numa rodovia, todos os carros atrás, da mesma faixa, precisam parar. Isso é uma regra. Todo mundo respeita. Mais uma prova de excelente comportamento americano. 

A regra é clara e sem cobranças o tempo todo. Por incrível que pareça, as coisas parecem funcionar melhores com tudo isso. O respeito mútuo, em ambientes públicos e privados, faz toda a diferença. Um "bom dia" ou "muito obrigado" a um desconhecido não é bicho de sete cabeças. Assim como as palavras de incentivo. Destacar a qualidade ou o esforço alheio também é uma atitude maravilhosa. Pode não parecer, mais isso muda. Tente. 

Fica aí reflexão. 












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