Retomamos esse blog hoje, mais de cinco anos depois do último texto publicado. Você não é mais intercambista. Trocou três crianças por uma, que saiu do seu próprio ventre. Não está mais na casa dos 20. Já não namora a distância, mas é casada e apaixonada pelo mesmo moço da época em que morava nos EUA. Se formou jornalista antes mesmo da viagem, mas não trabalho mais nessa área.
Você criou uma iniciativa social e, com muito orgulho, ajuda outros jovens de baixa renda a enxergarem um mundo diferente, como você pode enxergar quando vivenciou outra cultura. Já não é mais a mesma de antes. Já não se reconhece na garota intercambista.
Quanta coisa vivemos de lá pra cá. Quantas vezes já quebrou a cara. Se eu contar o tanto de coisas que você aprendeu, você nem vai acreditar. Se você soubesse como sua visão de mundo seria ampliada pela sua experiência internacional, talvez você teria medo do impacto. Que bom que você não sabia. Que bom que você se permitiu viver tudo o que tinha pra viver. Que bom que você ainda se permite e parece que o tempo só te faz ficar cada vez mais corajosa, destemida, curiosa.
Que bom que você é quem você é. Que bom que se encontrou, que se reconhece na pessoa que se transformou. Já não é tão vaidosa como antes, nem curte usar muito salto alto. Você olha para o espelho de cara lavada e gosta da sua imagem. Não se importa mais tanto com a opinião das pessoas como se importava antes. Você não tem vergonha de ser quem é. Nem pra você, nem para os outros.
Você tem um filho lindo que te traz alegria e mais sentido para sua vida. Foi ele também quem te motivou a construir um projeto solo, que no decorrer dos últimos três anos, se tornou de muitos. Você entende mais sobre desigualdades, sobre injustiças e que bom que não simplesmente se conforma.
Você tem o sonho de contribuir na transformação de vidas injustiçadas e tem trabalhado para isso. E você gosta. Gosta, não. Você ama. Você ama desafios e o que você faz hoje te desafia todos os dias. Você conheceu pessoas muito importantes nessa jornada e que caminham com você porque tudo também faz sentido pra eles. Você não estava doida. Nunca esteve doida. Você sempre acreditou e convenceu pessoas de que dava pra fazer mais pelas pessoas.
Eu sinto orgulho de quem você é. Eu sinto orgulho de quem você foi. E eu quero muito conhecer quem você será daqui mais uns cinco ou seis anos.
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